terça-feira, 9 de março de 2010

Abraçando o ar...





Há muito tempo que isso vem a tona,e aparento não ver,esquecer,achar que a realidade é opcional,e a dor inevitável.
Tenho lido cartas,frases,textos,históricos,conversas,posts de ontem,de um ano,de tanto tempo que nem sei por em números,tenho visto fotos,videos,lembranças lúcidas,outras distorcidas por minha própria vontade,e tenho visto o pior disso tudo,as lembranças inventadas,aquelas que me fariam feliz,mas não fizeram,pois nunca aconteceram,e sinto que minha felicidade é sugada por essas mesmas,que na verdade são irreais.Ouço músicas,leio poemas,ensaio as mesmas palavras diante de mim mesma,esperando a hora certa que nunca chega,para reproduzir o surpreendente desfecho,daquilo que nunca existiu,e quiçá,nunca existirá.
Me perco nas entrelinhas abertas somente para os tolos,e talvez finjo,acho que meu script é o inevitável,quando na verdade,o roteiro está nas minhas mãos,em branco,por que ninguém pode fazer ele,além de mim mesma.
E eu penso que na verdade,se existe uma que possa ser confirmada,que eu existo,e a minha vida se limita a arte,ou não ? ela se resume em apenas minha existência,a essência simplesmente paira entre nós,e de nada ela tem de artistíca,o que tento dizer,é que esse mundo,essa realidade,está a minha frente,mas cabe a mim abrir ou fechar as cortinas,subir ao palco ou ser uma expectadora assídua,deslumbrada,que vê refletida a si mesma,só que com lembranças,com fotos,com desfechos,que não são meus.mas que se fossem,me fariam feliz,aquela subjetividade poética,a frase surpreendente caindo ao piegas no primeiro encontro,não sei,as coincidencias que nos enganam,as expectativas indo por agua abaixo,e no último momento,se tornam reais,e então um sorriso real,mas não meu.
as outras pessoas ao meu lado,aos pouco esvaziam a sala,elas fazem parte da projeção,me encanto com suas piadas e narrações incovenientes,enquanto como minha pipoca,mas vejo que aos poucos estou sozinha,e todos aqueles momentos,reflexões,dúvidas,não podem ser compartilhados,não vão ser compreendidos,pois eu não posso atravessar a tela,enquanto não vejo,que ela só é real,se eu estiver nela.
Então mais uma vez o filme acaba,eu levanto e vou embora,saindo por onde todos saem,pensando que a minha vida é limitada a arte,quando na verdade,ela é limitada em mim mesma.