sábado, 12 de março de 2011

Ataque de pânico

O barulho dos seus passos foi substituído por uma respiração ofegante, e logo depois pelos barulhos urbanos ao qual nossos ouvidos nem percebem mais, mas que anulam os sons que realmente deveriamos ouvir, estando em uma rua movimentada é difícil surtar ou ter algum comportamento ilógico e irracional, é difícil sermos nós mesmos, enquanto se misturava com as pessoas que se esbarravam constantemente, em uma trilha de asfalto e pedras mal encaixadas, as luzes de neon, a iluminação artificial e as vitrines reconfortantes com distrações consumistas, conseguiam dar uma sensação de espaço, de se estar no habitat natural, porém a melancolia que irradiava, sim, irradiava dos olhos castanhos, que agora refletiam sua própria imagem em uma poça d'agua era de longo alcance, sem propósitos e promessas, sem algum peso que condenasse sua existência a uma rotina, ou pelo menos a uma perspectiva de acontecimentos reconfortantes e cotidianos, a única coisa que parecia existir, era a certeza que de tão efêmeras que são as coisas, talvez por ora, também fossem tão descartáveis, a idéia de uma substituição barata,de detalhes banais e uma indiferença conveniente, presente em todas relações, em todos relacionamentos, em todos diálogos, um cinismo envolto pela afeição, e pelo medo, de conseguirmos colocar nomes e significados, ao que tentamos não sentir.
Então existe uma perda parcial da realidade, a respiração é demasiadamente prejudicada pelos pensamentos, o mundo gira em torno da nossa confusão, e da nossa insignificância, um grito interno, um calafrio e um pequeno descontrole sobre nossos movimentos, por um momento, o pânico total, choro desesperador, e então, de tão efêmera a vida, até o pior ataque de todos, e a pior noite, passam. e as pessoas também.