domingo, 27 de junho de 2010

Regina is gone

Enquanto ao poucos o ônibus ia se tornando apertado e incômodo, essa mesma pressão física atormentava Regina mentalmente, aos poucos ela percebeu que há muito tempo não jogava tantos pensamentos pelas paisagens cotidianas que via atráves da janela, e ficou assustada com o tempo,com as folhas,com as sacolas que sacudiam em suas mãos, a cada travada impulsiva e violenta, que fazia seu corpo frágil involuntariamente se mexer , um tormento em seu peito cada vez mais gritante, cada vez mais audível a todos, e uma dor verbalmente inexplicável, um sentimento despertado de desespero,angustia crescente diante do inevitável, dos dias que passaram, das escolhas feitas pela preguiça de mudar ,por todo esse clichê existencial tão desgastado, mas que para ela havia morrido a tanto tempo, a anestesia estava passando aos poucos, e faltava tão pouco para chegar em casa.
Seu marido olhava tv absorto em propagandas e telejornais,a espera silenciosa pela rotina que ela mesma cedeu seu corpo e mente, para os fins infindáveis da vida conjugal, a comida, a roupa, as palavras de sempre, o olhar sem brilho envoltos de uma mesa desbotada,a disputa pelo colchão nas altas horas da madrugada,e a coberta roubada em um ato impulsivo quase indolor, se não fosse pelo frio que ela sentira, dentro de si mesma.e os filhos...que nunca vieram.
Regina não estava mais no ônibus,não estava mais no apartamento que comprará a dez anos atrás, e tampouco em algum lugar muito óbvio,e ela foi substituída,e ela substituiu, e viu que a singularidade e pecularidade que ela achou que existia,são só pequenas ilusões,para ela se manter viva.

terça-feira, 22 de junho de 2010

sucessivamente-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e...

Dormir.

acordar.


fugir.












desligar.



assim,para sempre,mesmo não acreditando nos impulsos de negação e eternidade.

domingo, 20 de junho de 2010

Sunday morning

Então eu acordei,levantei,notei a carteira de cigarros na mesa,daqui a pouco ela será a polêmica do dia,negar,negar,negar,até quando vou negar,o que já nem sei mais,se faz parte de mim ou não.
Um desgaste fisico,um certo enjôo por estar aqui,acordada,preferia dormir por mais alguns dias,amanhã é meu aniversário,eu não sei como agir,não sei o que eu quero,e tenho medo,das coisas que podem preencher essa minha indecisão,e tenho medo do vazio que contraditório,preenche essa manhã,e penso,poxa,é meu último domingo com a idade imatura e irritante que tenho,por que ele teria que ser o pior ? É,por que nele canalizou-se toda ressaca mental,embolotada em mim,durante algum tempo,e eu não sinto vontade de enfrentar,de dizer,só quero dormir,só quero prolongar o único momento que desdenhamos dessa realidade desconfortante,quando sonhamos.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

So come on home... just come on home

Enquando desabotoava o casaco,enfim em casa,em algum lugar quente,com um cheiro úmido familiar de sempre,um botão simplesmente caiu do casaco,mostrando sua delicadeza diante daquelas mãos nervosas,trêmulas do frio,outrora tão pequenas agora tinham calos transparecendo seu árduo trabalho para conseguir polir na realidade,alguma construção sólida,algum ponto material,algo que diante do tato fizesse cocégas em suas mãos cegas de medo,e que fizesse seus olhos aumentarem,tornando-se vivos e não pálidos e caídos,uma música só para amenizar,ela imagina seus dedos sobre cada nota musical,soprando uma melodia melancólica,enquanto passam-se alguns minutos,já imagina alguns passos na porta,algum sorriso vindo de canto de boca,algumas bobagens ditas,mas começa a chover,os pingos fazem um barulinho tão nostálgico na vidraça descida,que dói,e a certeza que tudo é efêmero,que amanhã pode ter sol,mas os raios tímidos de junho,também vão doer um pouquinho,assim como os cheiros que se misturam no fim de tarde,nas ruas movimentadas,lembranças tão remotas,tão bobas,que fazem tudo se desbotar,com um gosto docemente amargo,tudo tão contraditório quanto a própria descrição de ser.e daí é melhor ir para casa,se perder entre nossos botões mal pregados.

domingo, 6 de junho de 2010

Agora eu sei,que eu tava errada fazendo conta de cabeça...

As pessoas são tão dificieis de se lidar ?
Ou nós mesmos não conseguimos superar nosssos traumas infantis de carência paterna e materna ?
e a cada desatenção mínima decaímos a um melodrama clichê e incoveniente que constrange e nos distancia dos demais, formando uma parte insegura e trêmula, que nos leva a realidade de um jeito assustador,e é tão quase ridiculo,é tão até constrangedor respirar e a cada segundo soltar um suspiro dormente, uma nota desregulada, de uma música que nunca existiu.
As pessoas,nossos pais,nossos avós,nossos amigos,quem são eles ? aonde eles estão ?
nesse vácuo emocional que angustia talvez futilmente,me vejo sozinha em um palco escuro, aonde as grandes atuações, eram para mim, as grandes verdades.








Mas agora ganhei uma calculadora,então não vou ir tão mal nas provas de fisica.