segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

The same old fears

Tenho tropeçado nas mesmas calçadas,nas mesmas palavras, nas mesmas pessoas
nomes que já não lembro, nomes que lembro demais, engulo em seco a duvida, oscilo entre
o branco e o preto, o cheiro da umidade, os perfumes no final da tarde, o que digo em silêncio, dizer-te o que jamais foi, dizer-te o que está sendo, os risos em timbres diferentes, ecoam na sala, as vozes perduram na memória como fantasmas do que já fomos, retratos tortamente pendurados, com sorrisos já debotados, de piadas antigas..lugares que nunca mais fui, como é fácil abandonar o que temos, sem saber que nos pertencia, as lembranças como a agulha de uma vitrola ,passeia por nós em círculos que nunca se terminam, um ciclo vicioso em camera lenta, do sol iluminando cada nota tocada por nossos passos, o ensaio para uma música que nunca tocamos ao vivo, troca de diálogos surdos, de gritos mudos, olhares cicatrizados por paredes brancas, tudo soa tão familiar, faltam os mesmos botões nos casacos, faltam as mesmas silhuetas, aparecendo no pouquinho de luz que resta, desse quase final de dezembro, e o que acontece, o que instiga essa fascinação pelo outrora, o que dói tanto no calor desses tantos verões, o que dói na contagem regressiva, o que dói até na felicidade momentânea de se estar,de ser, de ter, enebria o estomâgo, a respiração ofegante de quem chega em casa, o frio na espinha de quem sente, sentir o que ? quando expressado, nossos sentimentos cabem em sílabas mínimas de significados inventados, e se fecham nas palmas das nossas mãos, e se calam nos ouvidos alheios, e nunca vão ecoar em outro lugar, a não ser dentro de nós mesmos, essa música, esse tom, esses mesmos medos de sempre, esses tropeços inevitáveis, as lágrimas levianas, essa heisitação e o orgulho infantil, passam os anos, mas dançamos a mesma música em círculos intermináveis, de rostos e vozes familiares, construímos uma rúina do que já fomos, e somos completos pelas ruínas que nos rodeiam...

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